ontem eu disse a ele que o amava

18 de janeiro de 2016

Era 1:14 da manhã. Cedo demais para chorar, tarde demais para falar em amar, mas um horário propício para ficar debaixo das cobertas conversando com uma amiga no celular. Mesmo não sabendo exatamente o que é o amor e como manuseá-lo, falar sobre é inevitável. Basta pensarmos no que sentimos de positivo por alguém, que já atribuímos toda carga de afeto ao amor. Tratar esse afeto desequilibrado, inconstante, conturbado como sendo amor, uma palavra tão equilibrada, duas vogais, duas consoantes, me parece injusto - tal como ele. Mas o que me fez dizer que o amava, não foi uma tentativa de vingança com a etimologia da palavra, foi o ódio - mesmo não sabendo exatamente o que seja o ódio, mas no fim, acho que anda de mãos dadas com o amor. Naquele momento, só sabia que estava para ele assim como Joan Jett estava para Jack. E disse que o amava, porque me odiava. Porque parte do peso que carrego, tem seu nome envolvido. Porque a possibilidade de encontrá-lo na escadaria de um terminal de ônibus, como dias atrás, numa cidade com mais de 11 milhões de habitantes, eram minímas e mesmo assim o encontrei. Porque o tempo conspira a nosso favor. Porque meus pensamentos o invoca. E porque mesmo ele tendo percebido toda essa atmosfera que nos cerca, se faz de desentendido respondendo "como assim?".