sem facebook

21 de novembro de 2015

A bolacha de água e sal estava mais saborosa; as velhas músicas que ouço pelo celular durante o trajeto para casa parecia ter recebido palavras novas; percebi que respirava uma quantidade absurda de gás carbônico então desejei ser uma planta porque assim não faria tão mal; notei também que apareceu uma pinta nova na minha mão; e que deveria abastecer meu álcool em gel – principalmente em casos de ter que utilizar banheiros públicos. Meus pais, antes de aderirem ao facebook certamente não estavam alheios a essas sensações, minha avó, diria que até hoje. Mas eu sempre estive. Não ter mais uma timeline para rodar enquanto coço o nariz e esqueço os problemas da vida, da minha vida, é difícil. Sobretudo quando não se tem mais os acontecimentos piores que o meu para se sentir melhor, nem liked por compartilhar ideias legais, ou por postar fotos que aumentam a auto-estima. Não sei o que amigos andam postando. Não sei o que há de novo no mundo. A página em branco do Google nunca me intimidou tanto. Como pesquisar por notícias sem ter um referencial? Não sei.

Sei que quando enjoar do sabor da bolacha de água e sal, isso não será um problema, ela voltará exercer seu papel passivo de matéria orgânica que alimenta enquanto é digerida por enzimas, e o único sabor que voltará a ser percebido é o das novidades recém saídas do forno na minha timeline.