Deus abençoa a puberdade

21 de novembro de 2015

Enquanto os irmãos levantavam os braços para dar glória a Deus, eu olhava os pentelhos.
O caráter informal, alternativo, com público jovem no coral, sustentava o discurso pregado pelos neoevangélicos de que Deus ama todos, e que não importa sua aparência ou traje que você vista - desde que seja minimamente discreto -, Deus te ama. E eu já o amava por isso, por proporcionar pernas peludas e braços musculosos em camisetas justas, lá em cima, no altar. Generosidade e tanto para quem estava na puberdade. Bom mesmo eram as correntes de oração: ao menos uma vez eu poderia dar as mãos aos homens mais gatos da igreja e sentir sua textura macia com cheiro de creme de pêssego. Naqueles momentos, eu poderia desejá-los o quanto fosse enquanto entrelaçava nossos dedos, suava frio e escultava mentalmente seus gemidos. torcia para que a oração nunca terminasse, mas quando terminava eu enchia a boca para dizer "amém". Amém pelo contato físico, por toda selvageria proporcionada, pelo pôr-do-sol cor de rosa. No final, alguns até choravam, a primeira transa gay dói, mas não é para tanto. Ali, eramos todos irmãos, eu amava meus irmãos, queria dormir com cada um no mesmo quarto, na mesma cama, como os bons irmãos fazem, sem malicias e sem preconceitos. Quando chegava em casa, minha mãe dizia que na igreja encontrávamos a paz, o amor, mãe tem sempre razão. Lá o amor acontecia.